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Luiz Filipe - Eu e o Implante Coclear
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sexta-feira, junho 24, 2005Voltando aos relatos de um ImplantadoOutro dia, minha amiga e fonoaudiologa Cristina Lucia Onuki, escreveu para mim no FIC uma bonita mensagem. O que me chamou mais a atenção nesta mensagem, foi o seguinte texto abaixo "...Há algum tempo você descrevia mais sobre suas evoluções. Sabemos que as evoluções com o tempo vão ficando cotidianas, mas não podemos deixar de enfatizar isso aos demais, aos que estão começando na reabilitação, aos que estão iniciando no processo para o IC." Isso me levou a fazer uma pausa brusca em minha vida corrida. Levou-me a parar, fazer uma meditação. Cristina Onuki tem razão. Volto para trás, como uma maquina do tempo. Lembro-me que quando estava prestes a fazer a cirurgia, e durante meu periodo de recuperação pós-operatório, tinha resolvido fazer um Blog, onde pudesse deixar registrado minhas conquistas e reconquistas auditivas. Lembro-me que na época, tive que procurar, procurar e pesquisar muito na Internet sobre o IC. Lembro-me que o Roner me chamou uma vez de "pesquisador oficial do FIC". Tudo isso eu me lembro. Porque parei, após o ultimo mapeamento, há 7 meses atrás? Não foi só a falta de tempo. Estaria mentindo se dissesse isso. Cris Onuki diz tudo na mensagem. Evoluções vão ficando cotidianas. Continuo a voltar para trás, e me lembro de uma mensagem que um veterano implantado, meu amigo Augusto Wanamakulu (Guto) colocou uma vez no FIC para uma amiga "... no primeiro ano do implante, é tudo pura emoção. São sons que são descobertos, redescobertos. Depois do primeiro ano, os sons tornam-se cotidianos, e após passar essa fase de emoções, as descobertas tornam-se mais lentas. Mas novos sons são descobertos também...". Pois é..... o barulho da furadeira, das panelas batendo na pia, do onibus, do telefone tocando, e tantos outros sons que fui descobrindo....... tudo era emocionante. A primeira vez que ouvi a furadeira furando concreto no apartamento de cima, achei barbaro! Fui até a área de serviço, e peguei a minha para fazer um furo na parede também. Hoje, nem quero saber de fazer furos com o IC ligado. Muitos sons, se tornaram irritantes, como os telefones tocando sem parar aqui no trabalho. Outros, como o barulho do motor do onibus, e tantos outros barulhos que ouço no meu dia a dia, se tornaram parte de meu cotidiano, e por isso, nem ligo..... Meu cerebro aprendeu, e continua a aprender a selecionar os sons que quer ouvir. E muitas vezes, fico sem o IC, curtindo o silêncio. Aprendi a conviver pacificamente com o IC e com o Silêncio. Mas, mesmo assim, continuo a evoluir com o IC. Muitas evoluções, e sons descobertos, embora de forma lenta. Mas não vejo que isso seja motivo para parar de relatar minhas evoluções auditivas, que fazia há um tempo atrás. Podem ser banais para mim, mas de grande valia para outros. Vou então continuar neste Blog relatando minha evolução auditiva, mesmo que lentas lembrando as palavras do saudoso Dr. Pedro Bloch na ACTA AWHO: " O implante coclear me faz pensar e sentir que um mero ruído ambiental, tão banal para nós, tão ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma sinfonia de Beethoven" Pausa do almoço, Meditando na Igreja de São Luis Gonzaga. Av. Paulista. Faça seu comentário:
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