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Luiz Filipe - Eu e o Implante Coclear
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sexta-feira, novembro 26, 2004UM ANO ATIVADO"O implante coclear me faz pensar e sentir que um mero ruído ambiental, tão banal para nós, tão ignorado pelos que ouvem, pode significar para o surdo uma sinfonia de Beethoven" (Frase proferida pelo Dr. Pedro Bloch para Guimarães Rosa - uma das minhas preferidas) Hoje faz um ano que fui ativado. Diria, assim como tantos outros.... "puxa, passou rápido"........ Pois é. Passou rápido mesmo. Comemorar? Bolo ou pizza? Não sei. Sou avesso às comemorações. Mesmo meu aniversário, gosto que passe despercebido, como um dia qualquer. Gosto de ficar no meu cantinho. A idéia de comemoração partiu da minha fono, Sonia Iervolino, ontem, durante minha sessão de fonoterapia, antes de irmos ao consultório da Valéria Goffi para novo mapeamento do IC. A propria Valéria falou a mesma coisa - Vai comemorar? Eu disse - "comemorar o quê?" - Ora, as suas conquistas, suas vitórias, os sons que você conseguiu ouvir.... Digo simplesmente que as conquistas e as vitórias acontecem no ato, e no ato são comemoradas. Não sei se terei bolo à noite. Mas pizza, com certeza terei. Toda sexta é dia de pizza em casa..... Comemorações, veremos. É...passou um ano. 365 dias. Desde o momento que a Fga. Mariana Guedes do HC-SP começou a ligar os eletrodos, um por um, fazendo vibrar a coclea a cada eletrodo ligado, desde o momento que ela ligou todos os eletrodos, fazendo com que eu desse um pulo da cadeira, e quando ela ligou o microfone definitivamente, fazendo com que eu, no maior espanto, ficasse ouvindo as vozes, os barulhos da sala, com uma cara de espanto e incrédulo, muita coisa mudou. Dos primeiros sons que ouvi, iguais, estranhos, alguns dizem "horriveis", até os que ouço hoje, muitas conquistas sonoras eu tive durante esse ano. No começo era tudo igual, parecia tudo um só som. e com os dias, com os treinos, com os mapeamentos, os sons foram se abrindo, como um leque. Nos primeiros meses, tive os eletrodos 1, 2 e 3 desligados, pois não ouvia nada de agudo (ouvia mas meu cérebro não conseguia interpretar), e agora tenho todos 22 ligados. Ouço com todos. É..... foram tantas conquistas sonoras nesse tempo que se passou. Algumas foram tão significativas, que me fizeram vibrar. Outras, nem tanto. Algumas passaram despercebidas, mas de uma forma geral, tudo que veio foi lucro. Houve, sim, algumas decepções. Muitas por dizer. Mas faz parte. É natural que houve. Mas somando todas conquistas que consegui, somando todos os pontos positivos, eu diria que valeu. Valeu, sim. Valeu ter corrido pelo IC. Valeu ter brigado com o plano pelo IC. Valeu ter acreditado, que mesmo que os resultados não fossem, os esperados, o que veio foi lucro. Valeu, então tudo. Faria tudo novamente se precisasse. Na vida, seja o que for, tudo vale a pena. Apesar de tudo, não poderia deixar essa data passar em branco. Meio-dia. Hora do almoço. Sol quente. Dirijo-me à Igreja que fica próxima ao local do trabalho. É grande. Enorme. Tá quase vazia nessa hora. Semi-escuro. Escolho um lugarzinho lá no fundo. Vazio e quieto. Junto a Imagem do Cristo Crucificado. Desligo o processador de fala, assim fica tudo mais silencioso. Prefiro assim, no silêncio. O Silêncio que foi meu companheiro de 37 longos anos, com o qual aprendi muita coisa. Ainda convivo com ele quando quero. Gosto dele. No silêncio, consigo me concentrar melhor, me analisar melhor. Conversar com Deus. Ajoelho-me e com o Terço na mão, rezo. Faço uma meditação, uma retrospectiva de tudo o que aconteceu durante esse ano de implantado, as conquistas, as vitórias, as decepções. Analiso todas. Emociono-me com algumas. Um pequeno sorriso escapa quando me lembro de outras. No fim, chego a conclusão que tudo valeu a pena. Agradeço a Deus, a família, aos médicos, fonos e a todos que compartilharam comigo estas conquistas durante esses 365 dias. Termino as minhas orações, saio silenciosamente da igreja, e em plena e movimentada Av. Paulista ligo o processador de fala. E neste exato momento, volto a fazer parte do conturbado mundo sonoro que vivemos. Igreja de São Luís Gonzaga Avenida Paulista - Cerqueira Cesar - São Paulo-SP. Faça seu comentário: Novos MapeamentosOntem, véspera de meu primeiro ano de ativação, estive no consultório da Fga. Valéria Goffi, junto com a minha fono Sonia Iervolino, para remapear o processador de fala. É meu ultimo mapeamento trimestral, pois a partir de agora, estarei mapeando a cada 6 meses. Foram colocados 3 novos mapas: P1 - mapa antigo - backup para caso não me adaptar aos novos mapas P2 - novo mapa. Estratégia ACE com autosensibilidade e velocidade normal P3 - novo mapa. Estratégia ACE com autosensibilidade, e alta velocidade de estimulação dos eletrodos P4 - novo mapa. Estratégia ACE + ADRO com alta velocidade de estimulação dos eletrodos. Estou usando a pedido da Valéria, o P3 e o P4 nos proximos 20 dias. Ela pediu que eu fizesse um "sacrifício" com essas estimulações de alta velocidade, para ver como eu reagirei aos sons. Depois, vou postando aqui, como foram as minhas impressões de ouvir em alta velocidade de estimulação coclear. Até hoje, só usei velocidades moderadas, e também a baixa velocidade do SPEAK. Faça seu comentário: Atualizando o Blite - Relatos de um ImplantadoEntrando hoje aqui, vejo que estou desde dia 15 de Setembro sem atualizar. Passado a primeira fase, onde as descobertas e redescobertas sonoras eram constantes, agora parece que tudo vem mais devagar. Muita coisa aconteceu nestes 3 meses, desde a ultima postagem que fiz. Acostumei com vários sons, novos ou velhos. Tenho facilidade de identificar alguns barulhos. Escuto na rua, no onibus, a sirene de uma ambulância, carro de polícia ou bombeiros, de longe, quando vem se aproximando. Algumas vezes, sei de onde a sirene vem. Já consigo ouvir a seta do pisca-pisca do meu carro, embora não sempre. Sempre tive curiosidade de ouvir, pois sempre soube que a mesma fazia barulho, embora baixo. Tenho tido progressos com minha fono. É um trabalho lento, persistente. Consigo, discriminar algumas frases fechadas, algumas palavras, e fragmentos de palavras. No trabalho, antes ouvia os telefones tocarem. Parecia um só som em todos. Hoje ouço, e quase identifico qual o que toca. O do meu colega Mauro, que senta na minha frente, é irritante. Alto, chama qq atenção. Outro tem uma espécie de toque mais longo. Alguns são baixos outros diria que são médios. Quanto aos sons, fiquei mais seletivo. Antes usava o processador sem a autosensibilidade ligada. Hoje, estou sempre com ele em autosensibilidade. Alguns sons me irritam. Enfim, estou mais seletivo, escolhendo o que quero ou não quero ouvir. Já consigo identificar em minha casa, a voz de minha esposa e de meu filho. Sómente eles em casa. Se fossem misturados com outras pessoas, dificilmente, identificaria. Não consigo ainda, distingir voz feminina ou masculina. Questão de tempo ainda. Embora, note pequenas variações entre as vozes de colegas de trabalho - pequenas mesmo - ainda parece que todo mundo tem a mesma voz. Tudo isso, são progressos, que estão vindo, embora devagar, mas vindo. São também conquistas. Faça seu comentário: Usando AASINos ultimos 15 dias, usei dois modelos de AASI no ouvido esquerdo (não implantado) O objetivo era testar se há algumas melhoras usando o IC conjuntamente com o AASI. Usei para testes 2 AASI emprestados pela minha fono Como sou quase anacusico do OE, os ganhos são muito poucos, caso eu utilize apenas o AASI com o IC desligado. Apenas sons graves, na frequencia de 500 Hz a 250 Hz consigo perceber, mesmo assim com ganhos minimos. Na proxima consulta faremos uma audiometria para avaliar qual foi o ganho com o AASI. O interessante de tudo isso, como falei acima, é que o ganho é minimo. Mas com o IC ligado, a coisa muda de figura: parece que o som do IC passa também para o OE. Em outras palavras, parece que estou ouvindo com o IC pelos dois ouvidos. É uma sensação engraçada. Quando estou apenas com o IC, percebo que o som vem pelo OD, e sinto um "vazio" no OE. Mas com o AASI ligado, mesmo não ouvindo nadica, o som do IC parece que vem pelos 2 lados, e muitas vezes, não soube responder por qual ouvido estava ouvindo, o OD ou o OE. Diria que estou ouvindo em Sterreo. Já devolvi os AASI. Talvez teste outro, talvez volte a testar um dos 2 modelos que testei novamente, por um periodo mais longo. É uma coisa que vou avaliar com minha fono mais para frente. Por enquanto nem penso em adquirir um AASI, sem saber quais ganhos terei. Ainda vou testar novamente, e se for o caso, tento um pelo SUS. Faça seu comentário: |